A Comunicação de Ciência é frequentemente vista como uma útil componente de softskills na formação inicial de profissionais científicos ou como um sucedâneo da Educação das Ciências. Mas, com definição mais ou menos criteriosa, os exercícios de Comunicação de Ciência embebem e emergem em todos os discursos programáticos, estratégicos, políticos, económicos e institucionais. Poderemos considerar que a Comunicação de Ciência atravessa conceitos como literacia científica e cultura científica, frequentemente utilizados para referir os níveis de penetração do conhecimento científico numa dimensão pública, bem como práticas de divulgação de ciência ou de difusão científica, as quais remetem para ações diversas e que visam, ora uma promoção, ora uma popularização, ora a transferência de conhecimento científico para a esfera pública. Urge, no entanto, repensar as práticas, os agentes e as redes de conhecimento num tempo em que o acesso à informação é vasto mas no qual imperam os fenómenos de “pós-verdade”. A sociedade de conhecimento que idealizamos precisa de uma Comunicação de Ciência robusta, com estratégias comuns e modelos de ação conjuntos e colaborativos, tirando partido dos agentes e dos recursos disponíveis, promovendo uma relação cidadão-ciência plena. Para explorar estas ideias, Júlio Borlido Santos, comunicador de ciência no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), convida Maria João Fonseca, Diretora de Comunicação no Museu de História Natural e Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), Liliana Abreu, Investigadora no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), e Andrea Cunha Freitas, jornalista do Público, para uma sessão de debate que visa construir visões integradoras, utilizando como exemplos, o papel dos equipamentos museológicos e a complexidade das redes de conhecimento em saúde.