spin

Geoética e Sustentabilidade no Ensino das Ciências (As Pegadas de Dinossáurio de Carenque)

Por Clara Vasconcelos – Faculdade de Ciências da Universidade do Porto – e Paulo Fonseca – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa


 

Número máximo de inscrições: 35

 

Em setembro de 2015, as Nações Unidas apresentaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Um desafio chave será promover a compreensão científica e a familiaridade das metas com o processo de aprendizagem educacional. Parte deste processo de aprendizagem é reconhecer que a compreensão geocientífica influencia o crescimento econômico e o desenvolvimento de cada país e, concomitantemente, a sua cultura (Vasconcelos et al., 2016). Da mesma forma, as atividades humanas interagem e modificam irrevogavelmente o sistema terrestre. Essas atividades sustentam as visões do mundo, os sistemas de crenças e os valores que são culturalmente definidos e que estabelecem os limites dos comportamentos e práticas geocientíficas. Segundo a Associação Internacional para a Promoção da Geoética (2017: http://www.geoethics.org) Geoética consiste na investigação e reflexão sobre os valores que sustentam os comportamentos e práticas apropriadas, onde as atividades humanas interagem com o sistema da Terra. Neste contexto, a Geoética pode ajudar a reavaliar comportamentos, aumentar a consciência para atividades humanas alternativas ou mesmo redirecionar modelos econômicos de crescimento e desenvolvimento (Peppoloni e Di Capua, 2015a e 2016). Sendo a Geoética um campo emergente das geociências (Bobrowsky et al., 2017) importa demonstrar o seu valor e utilidade no desenvolvimento sustentável, o que requer um esforço interdisciplinar e concertado.

E se a Geoética lida com as implicações éticas, sociais e culturais das geociências, assim como com o papel social e a responsabilidade dos geocientistas, nada é mais relevante do que abordar dilemas e cenários em contexto português onde se possam discutir essas questões. Neste âmbito, no workshop, será referido o caso particular da descoberta, proteção e preservação das Pegadas de Dinossáurio de Carenque. Descobertas em 1985 por dois alunos da disciplina de Estágio Científico e Curricular, do então 5º ano da licenciatura em Geologia (ramo científico) do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Carlos Coke e Paulo Branquinho), foi desde logo, um achado apoiado e defendido pelo Professor Galopim de Carvalho. Envolvendo autarquias da região, Câmara Municipal de Sintra e Junta de Freguesia de Belas, contou também com o apoio e empenho da Presidência da República tendo em vista a sua preservação. As infraestruturas efetuadas na altura – túnel da CREL – com as típicas embocaduras de túnel, alusivas à descoberta, poderiam ter sido acompanhadas por um Centro de Interpretação, algo que nunca chegou a existir.

 


@ 2018 EEDC - IV Encontro em Ensino e Divulgação das Ciências